QUALIDADE DE LEITE X PERDAS DE RECEITA

QUALIDADE DE LEITE X PERDAS DE RECEITA

Historicamente o produtor de leite se depara com as oscilações do mercado, seja no preço do leite, dos insumos e tudo mais que envolve a atividade. É de fato um desafio produzir leite num país que submete o setor às mais adversas condições. Em 2023, as adversidades ganharam uma dimensão ainda mais desafiadora, levando os produtores à enfrentar uma queda de preço vertiginosa, por motivos já exaustivamente discutidos e que não carece de esclarecimentos além dos que já foram feitos em diversas oportunidades por tantos.

Em períodos como esse que ainda estamos vivendo, precisamos parar e refletir e é aqui que começamos a pensar no leite sob uma nova ótica. Se o setor vive constantemente estas nuances, o que de fato os produtores têm ou precisariam ter feito ao longo dos anos para amenizar ou até mesmo revolucionar o setor?

Ao longo dos anos certamente o que mais evoluiu, onde mais se investiu e onde os resultados foram mais expressivos foi ganho genético do rebanho leiteiro e nas formulações de dietas mais adequadas. E sejamos justos, com louvor, o desenvolvimento de animais com genética cada vez mais apurada, vacas com excelente desempenho, altamente produtivas, animais resistentes, longevos, dietas bem elaboradas e ajustadas, criaram verdadeiras máquinas de produzir leite.

Acontece que, de nada adianta animais deste nível se os mesmos não conseguem expressar todo o potencial que possuem em função de que os parâmetros de qualidade de produção relacionados à saúde do Úbere são relegados ao segundo plano e apenas servem pra cumprir exigências das empresas captadoras. De acordo com o anuário de 2018 da EMBRAPA, a produção de leite no ano foi superior a 35 bilhões de litros, a região de Castro no Paraná, reconhecidamente, a capital do leite do Brasil, apresentou números muito superiores à média nacional e de alguns dos nossos maiores concorrentes como Argentina e Uruguai, e muito próxima à média dos EUA, veja tabela abaixo:

KG DE LEITE/VACA/ANO 
BRASILEUACASTRO 
1764*90007718* 
    

*valores convertidos para kg, valores em litros consultar anuário.

Fonte ANUÁRIO LEITE 2018 – EMBRAPA

Se observarmos os índices de qualidade referente ao leite regular, ou seja, aquele que é entregue às captadoras com CIF, ou seja, o leite fiscalizado, estes índices tem piorado ano após ano desde 2006, conforme podemos ver no quadro abaixo, situação que pouco se modificou até hoje:

Se considerarmos os números da tabela acima e aplicarmos os índices de redução da produção ocasionados pela CCS fora de padrão os números são estarrecedores. Nossos produtores deixam escoar de seus bolsos um volume absurdo de dinheiro que certamente estaria contribuindo para que os mesmos pudessem se capitalizar e investir em sua propriedade e aumentar os seus ganhos, inclusive minimizando os impactos de períodos de crises como a que estamos atravessando.

De acordo com os números apresentados observe a tabela abaixo:

PRODUÇÃO ANUAL/LTSMEDIA DE CCS (MIL CELS/ML)PERCA MÉDIA ESTIMADA DE PRODUÇÃO %PERCA DE PRODUÇÃO EM LTS/ANO*PREÇO CEPEA BRASIL- MAIO 2018/LT (R$)VALOR DESPERDIÇADO/ANO (R$)
35.000.000.00059362.100.000.0001,492R$ 3.133.200.000,00
      

*FONTE CEPEA/ESALQ

No Brasil, considerando-se os números do ANUÁRIO DE 2018, o volume de leite que foi deixado de produzir nas fazendas foi superior a 2 bilhões de litros, o que em valores atuais do CEPEA no período de apuração dos dados, representa mais de R$ 3 bilhões de reais a menos no bolso dos produtores.

Vale lembrar que aqui estamos considerando apenas o impacto direto, sem considerar os demais tópicos que necessariamente devem ser agregados, tais como:

  • Volume de leite descartado por animais em tratamento;
  • Custo dos medicamentos;
  • Custo da energia elétrica;
  • Custo de mão de obra;
  • Custo da dieta entre outros;

Se considerarmos tudo, os valores certamente ultrapassarão os R$ 5 bilhões/ano.

O produtor precisa rever alguns de seus conceitos, é muito comum conversarmos com o produtor, mesmo aqueles que têm grande potencial de desenvolvimento genético em suas fazendas, e ouvirmos algumas alegações que diante dos números não fazem o menor sentido. Por exemplo, “não me preocupo com qualidade porque o Laticínio não paga por ela”, “o preço do leite é muito baixo pra eu gastar em qualidade e outras mais”. Será que diante dos números de fato não faz sentido cuidar da qualidade?

Será que todo o trabalho e investimento que tem sido empenhado para oferecer a melhor dieta, conforto e maneo para o nosso rebanho está de fato sendo totalmente aproveitada e a nossa vaca de genética superior está expressando todo o seu potencial, ou os custos destes investimentos é alto porque a vaca produz menos do que poderia?

Os gastos com medicamentos poderiam ser menores?

Se a nossa vaca pudesse expressar todo seu potencial certamente todos os custos poderiam ser diluídos e isso agregaria mais valor a nossa receita?

Se cuidássemos da qualidade, talvez pudéssemos forçar a captadora a nos remunerar melhor, tendo em vista que os concorrentes que já fazem remuneração por qualidade teriam maior interesse no leite de qualidade superior, aumentando a concorrência?

Estas são apenas alguns questionamentos, a serem consideradas pelo produtor.

Cuidar da qualidade do leite produzido, custa muito menos do que o produtor supõe, está mais relacionado a manejo e rotinas do que propriamente a investimentos absurdos em equipamentos e afins. Será que este investimento que os criadores estão fazendo em genética e alimentação, não justifica mais atenção e cuidados com as vacas resultado deste trabalho.

Hoje dispomos de ferramentas eficientes e de baixo custo que tem trazido resultados muito satisfatórios. Um exemplo disso são os medicamentos homeopáticos, os fitoterápicos, que usados de forma correta e com a devida orientação tem sido muito efícientes no controle de Mastites, parasitas (carrapatos, moscas, vermes e etc), problemas de cascos e muitas outras enfermidades. Estes tratamentos evitam o descarte de leite e são bem mais barato.

As fazendas que comercializam animais talvez agregassem mais valor aos mesmos se além do desempenho produtivo das vacas, divulgassem também o desempenho em qualidade do leite produzido, apresentando o histórico dos seus animais em relação aos índices de sólidos, de CCS e os de tratamento contra as mastites.

E para a indústria, haverá ganhos. Obviamente que sim, com leite de melhor qualidade os índices de sólidos seriam maiores, custos como transporte e armazenamento seriam diluídos, o rendimento da matéria prima na fábrica seria muito maior, otimizando os custos de produção, a qualidade e a segurança dos produtos oferecidos ao mercado.

É preciso ter a real dimensão de como lidar com estes desafios. Hoje certamente o maior desafio do produtor de leite é controlar a incidência de mastites no seu rebanho, sejam elas de origem ambiental e ou contagiosa. É possível fazer isso? Como enfrentar as mastites com o menor impacto possível dentro da atividade? É possível evitar o descarte de leite?. Os tratamento convencionais feitos com antibioticoterapia tem se mostrado cada dia menos eficaz, resultado do uso descontrolado e irracional dos antibióticos, o que tem trazido sérios problemas para a atividade, pois a resistência antimicrobiana tem aumentado a cada dia, visto que há mais de 30 anos não surgem novas moléculas de antibióticos no mercado, o risco de resíduos no leite são bem iminentes e exigem controle severo dos envolvidos e que se forem detectados pelo laticínio trazem ainda mais prejuízos do que os já provocados pelas mastites

Enfim toda a cadeia teria um ganho extraordinário.  

As novas normativas, que já nem são tão novas assim, tendo em vista que muito do que está ali já figurava na IN 51, trazem a meu ver uma oportunidade única para o produtor se posicionar de forma diferente diante da sua árdua e dignificante atividade.

As normativas 76/77 impõe mais condições aos Laticínios que propriamente aos produtores, tendo em vista que aqueles que ao longo destes 17 anos já foram se adequando, passando pelas IN 51, depois pela IN 62, já estão praticamente enquadrados, aqueles que não o fizeram, agora certamente terão que fazê-lo.

Desta forma, nós do Dr. Mastite, convidamos cada um a refletir, o próximo período será de grandes e profundas transformações, junto com elas também virão grandes oportunidades, e penso que as oportunidades nunca são perdidas, se não forem aproveitadas por uns, certamente outros vão aproveitar. “QUEM CHEGA PRIMEIRO BEBE A ÁGUA LIMPA” Penso que infelizmente muitos produtores irão deixar a atividade, uns por não concordarem com as mudanças, alguns por resistirem a elas, mas estou certo que passada a fase de ajustes e posso garantir com base na experiência dos meus 40 anos de trabalho na atividade, ela vai passar, as coisas tendem a fluir e então iremos olhar para o setor com outros olhos, poderemos enfim valorizar o  trabalho dignificante do produtor, muitas empresas captadoras vão sucumbir, e só permanecerão no mercado aquelas que de fato estejam dispostas a trabalhar de forma clara e transparente, valorizando e apoiando os produtores com iniciativas de assistência técnica, orientação. Aos produtores cabe a missão de rever seus conceitos, estar aberto às mudanças, aos treinamentos e à sua capacitação e da equipe com a qual conta na fazenda, é hora de criarmos uma relação de confiabilidade, fidelidade e respeito, não haverá mais espaço para amadores e oportunistas, sejam eles laticínios, produtores, trabalhadores, técnicos, empresas de máquinas e equipamentos, enfim em toda a cadeia produtiva.

Isso significa que iremos navegar em mares calmos? NÃO! Os desafios continuarão a existir, mas todos estarão mais preparados e então fica menos difícil superá-los.

Nós do Dr Mastite podemos ajudá-lo a superar estes desafios, temos uma equipe de consultores devidamente empenhados e capacitados para levar as melhores ferramentas e soluções.

Trabalhamos com foco na identificação da origem do problema e então aplicamos a metodologia e as ferramentas adequadas para cada situação. Nosso objetivo é oferecer a oportunidade de contar com um novo conceito de assistência, focada na transferência de conhecimento e capacitação técnica de toda a equipe envolvida na atividade.

No Dr Mastite a filosofia é PREVINIR, CONTROLAR as mastites, fazendo isso evitamos tratamentos desnecessários e dispendiosos, e minimizamos o impacto que as mastites causam à nossa atividade

Se desafie a conhecer nosso trabalho, procure um Dr Mastite mais próximo de você e temos certeza de que irá se surpreender com um trabalho totalmente focado no resultado

      A todos muito obrigado e ficamos à disposição

     Att

     Flavio Rubens Favaron Jr – Zootécnico

     CEO – Dr. Mastite Saúde Animal

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